Por dentro do numero 13

"Tu deve ta apavorada!"
Essa foi a frase que mais ouvi naquela terca cinzenta, apesar de cheia de emocoes, em que me mudei de mala e cuia, nao so para um mundo chamado de Velho, mas para um mundo chamado de Baia.
A Baia eh uma casa meio acampamento, um pouco apertada para as 10 pessoas que dividem seus tres quartos. Mas nao eh soh no dia da faxina que ela aumenta de dimensao.Sao impressionantes as historias, os mitos, as lendas que pessoas vindas de tao longe depositaram dentro dessa construcao de tijolos, que para mais de 50 pessoas se tornou mto mais que isso. Esse espirito rotativo inspira medo e nostalgia. Mas nao eh soh o Joe, o Valdir, o Stone e o recado no espelho que ficam. Sao as mudancas...sao as lembrancas contadas de morador para morador.
Falando nos moradores, tem cada figura...
Uma mulher de mil nomes que ia dar problema e acabou se tornando meio que a mae de todo mundo. Tem tambem um japones-espanhol-paulista que faz mate, mas nao lava a cuia e eh acordado todo o dia por uma quevedense muito evoluida. E,ainda, a menina dos absintos ( e das pints e do vinho e da cachaca ...)que acorda todo mundo com musica natalina.Nesse aspecto alcoolico, ha um morador que se denomina o Maximo, porque, alem de workaholic, eh baita cervejaholic.
Ha o que, quando nao esta dentro do playstation, ta dentro de uma piada. E o casal 20, que representa a parte romantica e fashion da casa. Tem tambem outro "casal", que ta sempre bombando nas besteiras e tirando todo mundo (ateh a pobre da Delzia). Nao precisa dizer quem somos,neh? Com a convivencia, cada um deixa um pouco da sua personalidade no ar baiense...
A janela quebrada, o banho gelado quando uma rara alma resolve lavar louca lah em baixo, o alarme que toca cada vez que ve qualquer fumacinha que nao venha de um cigarro, o Hitter que encolhe as roupas,o sabao em po que sempre acaba antes, o rapto das balas de caramelo, os estresses com o Nerinda Tomorrow... sao pequenos detalhes do que rola dentro do numero 13. A falta de conforto e o trabalho duro a que nos subtemos em Londres, tudo isso eh amenizado (senao, superado) por uma viajada ou uma conversa amiga, por um dvd legal ou por uma pint nao mto gelada numa ida no Coronet (Holloway, se preferirem).
Pois eh, galera, eu continuo apavorada! Mas dessa vez eh porque to indo embora e nao sei quando (se) vou ver essa minha familia reunida de novo.
Nossa, fiz mil rodeios (e olha que de rodeio eu entendo), para evitar chegar ao ja batido (mas inevitavel): foi um prazer ter convivido com cada um de voces. Vou sentir saudades...

Thais Brugnara Rosa