Friday, September 30, 2005

A Viajante - Rubem Braga

Com franqueza, não me animo a dizer que você não vá.

Eu, que sempre andei no rumo de minhas venetas, e tantas vezes troquei o sossego de uma casa pelo assanhamento triste dos ventos da vagabundagem, eu não direi que fique.

Em minhas andanças, eu quase nunca soube se estava fugindo de alguma coisa ou caçando outra. Você talvez esteja fugindo de si mesma, e a si mesma caçando; nesta brincadeira boba passamos todos, os inquietos, a maior parte da vida — e às vezes reparamos que é ela que se vai, está sempre indo, e nós (às vezes) estamos apenas quietos, vazios, parados, ficando. Assim estou eu. E não é sem melancolia que me preparo para ver você sumir na curva do rio — você que não chegou a entrar na minha vida, que não pisou na minha barranca, mas, por um instante, deu um movimento mais alegre à corrente, mais brilho às espumas e mais doçura ao murmúrio das águas. Foi um belo momento, que resultou triste, mas passou.

Apenas quero que dentro de si mesma haja, na hora de partir, uma determinação austera e suave de não esperar muito; de não pedir à viagem alegrias muito maiores que a de alguns momentos. Como este, sempre maravilhoso, em que no bojo da noite, na poltrona de um avião ou de um trem, ou no convés de um navio, a gente sente que não está deixando apenas uma cidade, mas uma parte da vida, uma pequena multidão de caras e problemas e inquietações que pareciam eternos e fatais e, de repente, somem como a nuvem que fica para trás. Esse instante de libertação é a grande recompensa do vagabundo; só mais tarde ele sente que uma pessoa é feita de muitas almas, e que várias, dele, ficaram penando na cidade abandonada. E há também instantes bons, em terra estrangeira, melhores que o das excitações e descobertas, e as súbitas visões de belezas sonhadas. São aqueles momentos mansos em que, de uma janela ou da mesa de um bar, ele vê, de repente, a cidade estranha, no palor do crepúsculo, respirar suavemente como velha amiga, e reconhece que aquele perfil de casas e chaminés já é um pouco, e docemente, coisa sua.

Mas há também, e não vale a pena esconder nem esquecer isso, aqueles momentos de solidão e de morno desespero; aquela surda saudade que não é de terra nem de gente, e é de tudo, é de um ar em que se fica mais distraído, é de um cheiro antigo de chuva na terra da infância, é de qualquer coisa esquecida e humilde - torresmo, moleque passando na bicicleta assobiando samba, goiabeira, conversa mole, peteca, qualquer bobagem. Mas então as bobagens do estrangeiro não rimam com a gente, as ruas são hostis e as casas se fecham com egoísmo, e a alegria dos outros que passam rindo e falando alto em sua língua dói no exilado como bofetadas injustas. Há o momento em que você defronta o telefone na mesa da cabeceira e não tem com quem falar, e olha a imensa lista de nomes desconhecidos com um tédio cruel.

Boa viagem, e passe bem. Minha ternura vagabunda e inútil, que se distribui por tanto lado, acompanha, pode estar certa, você.

Rio, abril de 1952.
Texto extraído do livro "A Borboleta Amarela", Editora do Autor - Rio de Janeiro, 1963, pág. 145.


V

Monday, September 26, 2005

Não tem como...

Não tem como entender estando de fora...

Vi isso uma vez eu em que eu mostrei pra minha família umas fotos de um pós-festa que foi tão bom como a festa e aqui ninguém entendeu nada.

Não entenderam o que que tava acontecendo.
Não entenderam o que a gente tava fazendo.
Não entenderam como a gente foi parar ali.

Não entenderam porque a gente tava tão feliz de estar atirado, no pé da escada, embaixo de mil cobertores no dia de Natal.

E tem como?

Tem como entender que eu sempre quis ver ao vivo a lenda que fazia fotão, que descobriu o Coronet, que escreveu no espelho, que trouxe o Stone e o Valdir?
E que quando eu conheci parecia que já tinha sentado comigo no sofá, falando bobagem enquanto esperava a pizza ficar pronta?
Dá pra entender que até quem não esteve comigo nesse finde, também estava lá, de muitas maneiras?

Tem como entender porque eu chorei feito boba, indo de Santa Maria pra Porto Alegre, como se a distância fosse entre a América do Sul e a Europa?

Ou isso tudo é muito surreal ou a idade me deixou caduca e de coração mole.
(É tão difícil passar pro outro lado do espelho...)

V
www.veonline.blogspot.com

Wednesday, September 21, 2005

Só pra não morrer

temos que falar em qualquer coisa. Pois, "digus", que a Baia já viveu um mini reencontro no sábado. Foi no ap da V. A dona da casa, Gabriel (que combinou bastante com a decoração), Fernando, Cris e eu – acompanhados de duas meninas bem bacanas, cujos nomes eu, mal educado e desmemoriado, não consigo lembrar – revivemos momentos dignos do eterno sofá. Com direito a sushi e história do Arakiri. Aliás, vocês já imaginaram um kamikasi pilotando um torpedo em direção ao navio inimigo e, pior ainda, errando o alvo? Pois nós imaginamos.

E a Festa da Baia??

Luís

Monday, September 12, 2005

ENCONTRO DA BAIA no brasil!

ATENÇÃO****BAIA ROUGHWATER REVIVAL

Baianers, seguinte: MUDANÇA DE PLANOS!!!

Acho que mais importante do que estar connected com a festa que vai estar rolando na BAIA é reunirmos o maior número possível de ex-moradores... por isso teremos de mudar DATA e LOCAL da festa para conseguirmos reunir todo mundo: como dia 24 DE SETEMBRO (sábado) é a formatura do Ronaldo e ele, como ex-ilustre morador, faz questão da presença de todos os que dividiram ou não aquele espaço inesquecível com ele, vamos juntar as coisas!!! Vai ser BAIA ROUGHWATER REVIVAL e FORMATURA DO RONI, tudo junto, dia 24, EM SANTA MARIA!!!!! Depois do encontro festão com Fefo e Taele e blá-blá-blá...

1. Os que já tinham confirmado, continuam UP TO?
2. Quem ainda não confirmou ou não poderia, agora vai?
3. Pipou de SM, entrem em contato com o Roni (55 8116 1896) Será no Habeas Corpus, bar do amigo Ramiro.... E AVISEM OS OUTROS EX-MORADORES QUE ESTÃO EM SM !!! e que ainda não se acusaram...
4. Porto Alegre Folks, vamos confirmando através deste email, do blog da BAIA ou da Community no Orkut ou MELHOR AINDA, diretamente comigo: 51 8182-5592... para vermos quem vai de carro, que horas e outros detalhes.
5. Alguém pode postar esse mail no blog da Baia??? Podexá Felipão, to postando agora, viu!

I'll be thanked.

Nos vemos todos lá então... muitas histórias... beijos e abraços.

Felipão

Sunday, September 11, 2005

Em primeira mão...

"Meu nome é Hank. Tenho trinta e poucos anos e sou uma pessoa normal. Na verdade troquei o sonho da vida normal pelo sonho de uma vida comum. Há tempos desisti de vencer na vida, ser um pai de família, ter um carro e um emprego respeitável. Sou uma pessoa comum.
Vivo sozinho em um apartamento que não é meu, leio o jornal, assisto a corridas de cavalos na televisão, bebo cerveja, de vez em quando vodka, tenho o péssimo hábito do cigarro e gosto de dormir quando a noite acaba e a luz do dia invade meu quarto.Sou tão comum que até mesmo meus sonhos nada mais são que minha própria realidade. Quando sonho, sonho com meu quarto e com as coisas que nele estão. De um tempo para cá, já não sei mais se estou sonhando ou ainda fazendo força para dormir. Com certeza isso já aconteceu com você. Eu sei, nada de muito interessante. Mas não é sobre minha vida que quero falar. Há algum tempo observo meu cobertor e tenho quase certeza que ele quer me matar..."

Esta é a sinopse do curta que estamos começando a produzir. O nome? O cobertor, roteiro baseado em conto de mesmo nome de Charles Bucowsky. O que acharam? Idéias? Sugestões?

Abraço a todos...

gab.

Friday, September 02, 2005

A MAIOR FESTA DA BAIA

Felipao, um dos primeiros moradores dessa casa, marcou para o dia dezessete de dezembro, em Porto Alegre, uma grande festa que promete reunir TODOS os moradores da Baia. No mesmo dia, quatro horas adiantados, mas ainda firmes e fortes, os atuais moradores da Baia estarao REUNITED numa celebracao cheia de significados.
A moral da coisa eh fazer a energia desse lugar atravessar o oceano atlantico e fazer brilhar o horizonte repleto de...
tah, a moral eh bebermos juntos e contar historias passadas e presentes que soh nos podemos compreender.

O que seria dito por um antigo atual morador da Baia nessa hora:

VAMOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOS!

Thursday, September 01, 2005

VAMOS PORTUGA

Acabei de chegar de um shift nada usual no Portuga. Nao estava busy, mas o chefe sentou num banquinho e dormiu a tarde inteira – de boca aberta, cena linda. Entao, de toquinha grenal, avental preto e um sorriso no rosto, eu e o pia novo que o portuga chamou tivemos que tomar conta do buteco sozinhos.
Massa, muito massa. Ainda mais porque o tal pia eh o Alex. Seguramos o tranco e o portuga nem viu. Para os clientes, acostumados com o tratamento nada educado do lusitano (pra nao repetir portugaportugaportuga), soh faltou estendermos tapete vermelho na saida. Isso soh vem a provar a teoria de que a Baia deveria, com os profissionais qualificados que possui, abrir seu proprio negocio.

Alguem tem uma ideia?