Tuesday, October 31, 2006

Minha Baia, meu muro

Desci no Salgado Filho nem sei mais qual foi o dia. Evitando ao máximo qualquer tipo de exposição, cheguei logo em casa. As únicas coisas que fiz com rapidez, ou melhor, desfiz, foram as malas. Engavetei tudo rapidinho, roupas, livros, cadernos, histórias e sonhos. Resgatei minhas velhas fardas do armário e voltei a ser quem eu era.
Reclamo do relógio. Mas a verdade, meus amigos, é que tempo me falta menos do que coragem.
Foi fácil. Esperava por mim, acolhedor, aconchegante, reconciliador, sorrateiro aprisionador. Ele que levou tanto tempo para ficar pronto. Tantos anos, tanto suor e tantos, tantos e tantos tijolos. Cá estou, amigos, de volta ao muro. Minha casa, meu trabalho, minha faculdade, meus bares, minhas cortinas. Tudo e todos que me cercam. Meus afazeres, minhas mentiras. Tudo aqui, me envolvendo, me acuando, me sufocando, doce e calmamente me matando.
Aqui não posso escrever FODA-SE como o Gabriel. Não posso simplesmente dizer o que sinto como o Jarbas, não consigo, como era fácil pro Alex, pular o muro. Aqui só posso ser Luís, às vezes Bulcão. E Bulcão é o pior!
Há um espectro de Luigi no horizonte. Ele vai sumindo aos poucos, se desintegrado, se entregando. Mas, vejam só, meu muro. Venham conhecer meu muro! Venham me visitar aos domingos, assim como no Carandiru. Venham aos domingos!
Baia’s in everywhere. But I am not.
I was realy there. Now, I am nothing.